Evidências de validade do diagnóstico de enfermagem risco de sangramento em pessoas com hemofilia

Abstract

A validação de um diagnóstico de enfermagem em uma população aumenta a sua utilização, o nível de evidência e permite o planejamento de intervenções de enfermagem adequadas às necessidades específicas. O objetivo do estudo é analisar as evidências de validade de conteúdo do diagnóstico de enfermagem “Risco de sangramento” em pacientes com hemofilia. Trata-se de um estudo metodológico realizado em duas etapas: análise de conceito e análise de conteúdo por especialistas. A análise de conceito foi realizada através de uma ampla revisão integrativa onde foram consultadas sete bases de dados através dos descritores fatores de risco, hemorragia, hemofilia A e hemofilia B, e também de suas respectivas traduções nos idiomas inglês e espanhol no recorte temporal de 2017-2021. A amostra foi composta por dezoito artigos e foram identificados quatro atributos, oito fatores de risco, dezoito condições associadas e três populações em risco. A análise de conteúdo foi realizada por 48 especialistas e foi estimado o Índice de Validade de Conteúdo, tomando como base o modelo da diversidade preditiva acerca dos indicadores clínicos identificados na etapa de análise de conceito. Utilizou-se o teste Shapiro-Wilk para a verificação da normalidade de distribuição e foi calculado o intervalo de confiança de 95% para cada mediana. O item foi considerado válido para o diagnóstico Risco de Sangramento em pessoas com hemofilia quando obteve o cálculo estatístico do Índice de Validade de Conteúdo ≥ 0,85. O estudo foi realizado em consonância com as recomendações da resolução CNS 466/2012. A coleta de dados com os especialistas foi realizada após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Pernambuco (parecer no 5.551.845). Todos os antecedentes identificados no estudo foram considerados válidos para o diagnóstico de enfermagem risco de sangramento em pessoas com hemofilia. Os fatores de risco para sangramento em pessoas com hemofilia identificados na revisão integrativa e considerados válidos pelos especialistas foram: punção arterial femoral, ansiedade, estresse, trauma durante o parto, baixa adesão ao tratamento, ausência de tratamento, atividade física de alto impacto e gestação. As condições associadas identificadas: doenças cardiovasculares, angiografia coronária, angioplastia coronária, inserção de cateter, anticorpos inibidores, parto, utilização de instrumentos durante o parto, terapia anticoagulante, trauma, histórico de sangramento, tipo de mutação do gene do fator VIII, doença articular, terapias antitrombóticas, fenótipo de sangramento, nível basal de fator coagulante <0.4 IU/ml no puerpério, úlcera gástrica, cirurgia e idade avançada. As populações em risco: pessoas com hemofilia com anticorpos inibidores, gestantes portadoras de hemofilia e pessoas com hemofilia com idade avançada. O conhecimento desses novos componentes diagnósticos subsidia o enfermeiro na prática baseada em evidências, no planejamento de ações de educação em saúde direcionadas para as necessidades das pessoas com hemofilia e contribui para o fortalecimento das taxonomias de enfermagem, sobretudo na edição trienal da NANDA-I.